Poetas-tradutores são também pesquisadores de renome que souberam entregar ao leitor uma crítica sobre a retradução poética e questões (ou “inquietudes”, como dizem no seu texto) relativas a “posições tradutórias” que estão em jogo em cada proposta de retradução. Ambos têm publicado vários trabalhos a esse respeito, adicionalmente às suas próprias teses de doutoramento dedicadas aos poetas franceses e suas diversas traduções e retraduções, principalmente de forma diacrônica — o que lhes confere também o papel de historiadores e críticos da tradução. O tema é de importância, pois a retradução é, para mim, uma manifestação de subjetividade por parte do (re)tradutor, principalmente no âmbito microestrutural, no qual ele desfruta de liberdade de escolhas e decisões. Traduções e retraduções escrevem a memória histórica de um texto de outra cultura, escrito em outro tempo e espaço. Os autores, Faleiros e Mattos, questionam o ato de retradução, que implica em um fazer outro, diferente. Retomando Berman, mostram como geralmente as primeiras traduções funcionam como uma tradução-introdução, enquanto as retraduções teriam como função mostrar a outra cultura sem naturalizar tanto o texto traduzido. O estatuto das retraduções vem do fato de que os textos e autores já estão canonizados no sistema literário e cultural de origem. Ainda segundo Berman, se toda tradução está fadada ao envelhecimento, o que, a princípio, justifica a retradução, algumas parecem imunes ao tempo, e por isso mesmo assumem o papel de grandes traduções. Pensando a partir do trabalho de Berman, e, portanto, sem negar seu interesse, os autores propõem ver a retradução mais como um espaço de convivência tensa entre modos possíveis de (re)ler e reescrever um texto do que como uma linha evolutiva de substituição de traduções. Entre a primeira tradução e a retradução há um comentário, explícito ou não. É esse comentário crítico de excelência sobre poetas como Baudelaire, Mallarmé e Apollinaire, entre outros, que Faleiros e Mattos apresentam neste livro. Mas não somente. Dão também visibilidade aos (re)tradutores, como Castro Alves, Tavares Bastos e Mário Laranjeira. (Re)-tradutores poetas. Autores-poetas de poesia retraduzida. Um livro de referência para todos os poetas-(re)-tradutores-pesquisadores. - Marie-Hélène Catherine Torres (PGET/UFSC)
Peso: | 448 g. |
Páginas: | 198 |
ISBN: | 9788567569321 |
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