Descrição
A leitura de Cientificismo e sensibilidade romântica: em busca de um sentido explicativo para o Brasil no século XIX sugere e confere novos sentidos para o entendimento do século XIX brasileiro que jogam luzes sobre a formação de uma sensibilidade histórica particular: ao historicizar a natureza, torná-la objeto da construção do olhar social, inseri-la como elemento sensível na estruturação e na gestão das relações de poder, aproximam-se estética e história. Uma natureza tornada cultura agindo sobre as formas como os brasileiros se vêem a si mesmos e aos outros, como se posicionam nesse jogo de busca de identidade na qual o estrangeiro (figura amplificada que recobre sempre os traços do "outro") é, geralmente, alçado a espelho civilizatório irradiante, metamorfose insólita que faz com que o autóctone seja representado e percebido como o estranho e, muitas vezes, o "estrangeiro" em nós. Nesse jogo, a natureza hiperbolizada, segundo Márcia Naxara, desempenha um papel essencial: "Natureza que se sobrepôs e se sobrepõe ao homem como elemento primordial na definição do que seja o Brasil e para a procura e o entendimento de uma identidade possível. (...) A natureza, portanto, é cenário e é personagem ativa na formação da nação brasileira, da forma com ela foi representada e como se cristalizou na mente e na sensibilidade de seus habitantes".